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Afropunk Experience Rio afirma a centralidade negra na cena cultural e musical da cidade.

  • Foto do escritor: Duda Nascimento
    Duda Nascimento
  • 8 de out.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de out.

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Rio de Janeiro (RJ) – A localização está correta. O maior evento de cultura negra do mundo finalmente fez sua parada no Rio de Janeiro, no coração da cidade. 


A Praça Onze, nascedouro das escolas de sambas, era um antigo local de encontros de negros baianos radicados nos morros ao redor. É neste solo abençoado por Tia Ciata que o AFROPUNK Experience 2025 promoveu um de seus encontros, parte do modelo itinerante iniciado em 2024.


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Movimentações culturais que se propõem à afirmação da diversidade precisam estar em articulação plena com seu público, nesse caso, majoritariamente negro. E, desde a escolha do local, o fácil acesso, a organização, a comunicação, e os recursos de acessibilidade, o AFROPUNK Experience Rio de Janeiro demonstrou em sua estreia na cidade a razão de ter se estabelecido nacionalmente como um festival prestigiado, que desde 2021 não só representa mas exprime qualidade em produção cultural negra. 

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Um destaque para a curadoria que respeitou minuciosamente a identidade do território, com a participação do Baile Charme do Viaduto de Madureira, e especialmente, o Terreiro de Crioulo, em uma apresentação em roda, no meio do público. Oriundo da Zona Oeste, o grupo de samba tradicional da cidade comemora 13 anos este mês. O Terreiro também reúne nomes de peso da cultura do samba no Rio como PH Mocidade, Andréia Caffé e Arifan Junior 






@annekarr


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A Yolo Love Party assumiu a abertura, encerramento, e os intervalos da festa, com DJ Anaís B, do coletivo francês Spiritual Gangsta, com sets voltados para R&B, house e mixagens de funk sudestino com afrobeats. 


É importante lembrar que, no início do ano, a Yolo em uma edição nomeada “Afetos”, igualmente dedicada a reunião de artistas e coletivos de gêneros musicais negros, convidou o Manga Bar e rodas de samba da cidade para compor a line, demonstrando uma tendência importante de valorização do samba dentro de grandes festivais, com lugar de destaque, e principalmente, o interesse de uma geração mais jovem pelas tradições. 

@annekarr



@agathaflr
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As irmãs Tasha e Tracie fizeram o primeiro show no palco, retornando ao Rio depois de algum tempo sem apresentações. Animaram o público com os clássicos do rap “Diretoria” e “Salve”, além da nova faixa viral “Amina”.

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Não se tratou exatamente da estreia do álbum recém lançado “Serena & Venus”, mas as gêmeas introduziram algumas faixas, caracterizadas por uma mistura de gêneros, narrativa conceitual, marcada pela personalidade independente das duas. 















@agathaflr
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Por outro lado, AJULIACOSTA disse que o “Novo Testamento” é carioca, celebrando o fato do primeiro show do seu mais recente trabalho ter nascido na cidade. É ousado afirmar “uma nova era do rap”, o que não se sustentaria se não fosse a firmeza e a veracidade do trabalho de AJC, que recebeu do público engajado a resposta de concordância. 

@agathaflr
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Em um show completo, com balé, e muita rima, o propósito foi defendido com maestria pela rapper, que vive um grande momento na cena – acompanhada de artistas como Duquesa – na defesa do autoconhecimento e da reformulação de paradigmas do mercado. 


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Danrlei, ou simplesmente, O Kannalha, encerrou a noite com um show memorável, longo o suficiente para satisfazer um público comprometido com sua presença, e que inevitavelmente aqueceu – ou deu vontade em quem ainda não tinha – para a edição do Afropunk em Salvador (8 e 9 de novembro). 


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O pagodão baiano é para os baianos, em uma régua de comparação de pertencimento, o que o funk é para os cariocas. Também em sentidos de marginalização, origem e composição musical, o que já teria combinado tanto, ficou ainda melhor com a participação de Mc Carol de Niterói e a de Major RD, que orquestrou uma roda punk ao som de “Só Rock” e pagodão baiano.


Muito libidinoso e sensual, o show se destaca, entre muitos pontos, pela personalidade de Kannalha, que mesmo dentro da persona que faz a “batedeira”, se mostra tímido e um artista sensível, como quando convidou sua avó e mãe ao palco para sambarem, e na homenagem à Preta Gil.


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O show se encerra com um “Eu Não Vou Embora” uníssono, que faz jus ao que a experiência do AFROPUNK se propôs a causar, um desejo de “quero mais”.


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Duda Nascimento é jornalista (ECO/UFRJ), atua nas áreas de comunicação audiovisual, curadoria e memória afro-brasileira. É assistente de comunicação no Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e repórter colaboradora na Cultne.Tv


 
 
 

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